“Olivais antigos estão a desaparecer para dar lugar a novas plantações em regime intensivo. Apoios do Estado não os abrangem por não atingirem a densidade mínima por hectare.”
Infelizmente, falta “pedalada económica” ao professor reformado e agricultur que é proprietário deste fenómeno simultaneamente natural, ambiental e económico. (clique em “ler mais” para continuar)
“Dá gosto ver estas árvores com muitos séculos”, diz Ferreira Fernandes, professor reformado e agricultor, orgulhoso do seu feito: recuperou um conjunto de oliveiras, dispersas por 15 hectares, com um diâmetro de caule ressequido que, nalguns casos, ultrapassa os 8,5 metros.
O problema de Ferreira Fernandes é que a densidade deste olival (número de árvores por hectare) é tão pequena que não é reconhecida pela legislação em vigor para poder beneficiar dos apoios à manutenção das explorações olivícolas – isto apesar de se tratar de um olival que, “mais do que tradicional, é monumental”. Sem querer especular, diz ser proprietário, no meio de centenas de árvores muito antigas, de umas sete dezenas com “muitos séculos” e de algumas com “mais de mil anos”.
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O ideal, explica, seria a criação de um azeite de quinta, tal como já acontece na região espanhola da Andaluzia, onde há cooperativas a embalar a produção com o rótulo de centenário ou milenário, para o colocar em nichos de mercado muito exigentes. Trata-se, afinal, de azeite proveniente de árvores que terão sido plantadas por romanos ou gregos.
“Mas eu não tenho pedalada económica” para uma iniciativa semelhante, reconhece o proprietário do olival que diz ser “provavelmente” o mais antigo do mundo, excluindo, portanto, a existência de espécies isoladas mais antigas.
Antes de iniciar o processo de recuperação das árvores seculares, Ferreira Fernandes nunca tinha ultrapassado as 20 toneladas de azeitona numa colheita. Depois de o ter renovado – tratando as copas de maneira a ficarem mais próximas do chão, tendo em vista o seu varejamento mecânico -, “nunca mais ficaram abaixo das 30 toneladas”. Em 2010 atingiu as 84 toneladas, mas as árvores “cansaram-se” com um tal volume de produção e, no ano seguinte, observou-se “um efeito depressivo” e de redução na quantidade produzida, ficando pelas 34 toneladas.
Em Serpa, diz Ferreira Fernandes, “há muitos olivais antigos, que mereciam um pouco mais de atenção”. Se não houver apoio ou não for estabelecido um programa para a sua preservação, “o mais certo é serem abandonados ou substituídos por olivais modernos”, avisa, acalentando a esperança de que os seus descendentes ou futuros proprietários “não destruam” um olival que é contemporâneo ou até anterior à nacionalidade portuguesa, e que conseguiu chegar aos dias de hoje.”
(sacado daqui)